Chegada a Argel e desembarque das motos. Após as formalidades alfandegárias, seguimos em direção a Constantine, uma das cidades mais impressionantes da Argélia, conhecida como a “Cidade das Pontes Suspensas”.
O percurso leva-nos pelas primeiras estradas montanhosas do norte argelino, onde o asfalto serpenteia entre vales verdes e aldeias de influência otomana e francesa.
Ao final do dia, já em Constantine, desfrutamos da atmosfera vibrante e das vistas dramáticas sobre os desfiladeiros que cortam a cidade em dois — o cenário perfeito para o verdadeiro início da nossa aventura sobre rodas.

Deixamos para trás a impressionante Constantine e seguimos rumo a Timgad, uma das joias arqueológicas do norte de África. As ruínas romanas, surpreendentemente bem preservadas, transportam-nos no tempo e revelam a grandiosidade de uma civilização que aqui floresceu há mais de dois mil anos.
Depois da visita, continuamos estrada fora até Biskra — conhecida como a “Porta do Deserto”. A paisagem começa a mudar, o verde dá lugar aos tons ocres e às primeiras palmeiras dos oásis.
É aqui que sentimos, pela primeira vez, o chamamento do Saara e a emoção de estarmos prestes a entrar no coração do deserto.

Deixamos Biskra e rumamos cada vez mais para sul, entrando em pleno ambiente desértico. A estrada conduz-nos por extensas planícies e pequenas aldeias erguidas à sombra das palmeiras, onde o tempo parece ter parado.
A cada quilómetro, o Saara revela novas cores e texturas — o asfalto dá lugar a troços mais áridos e poeirentos, convidando-nos a experimentar o verdadeiro espírito On & Off Road.
Chegamos a Ouargla, um antigo oásis mercantil e porta de entrada para o grande deserto argelino. Aqui, o silêncio, a luz e a imensidão começam a dominar o horizonte.

Partimos cedo de Ouargla e mergulhamos na vastidão do Saara argelino. A etapa de hoje é longa e marcante, com quilómetros de estrada a perder de vista e troços off road que nos conduzem por paisagens quase lunares.
O deserto começa a revelar a sua verdadeira dimensão — dunas, formações rochosas e horizontes infinitos que parecem desafiar a noção de distância.
Ao final do dia, alcançamos Illizi, uma pequena localidade isolada que serve de porta de entrada ao lendário maciço de Tassili n’Ajjer, Património Mundial da UNESCO. Aqui, o sentimento de conquista mistura-se com a serenidade do deserto.

Hoje seguimos rumo a uma das regiões mais emblemáticas do Saara: Djanet. A estrada serpenteia entre planaltos rochosos e dunas que parecem não ter fim, criando um cenário de uma beleza quase surreal.
Djanet, conhecida como a “pérola do Tassili”, recebe-nos com o seu contraste entre montanhas negras e oásis verdejantes.
Estamos no coração do deserto argelino, numa zona repleta de arte rupestre e formações naturais únicas. É aqui que sentimos a verdadeira essência da aventura — o silêncio absoluto, o pó da estrada e a liberdade total de estar aos comandos da nossa moto no meio de um dos lugares mais intocados de África.

Dia dedicado à exploração do Parque Nacional de Tassili n’Ajjer, uma das áreas mais impressionantes e misteriosas do deserto do Saara.
Entre formações rochosas esculpidas pelo vento e vales escondidos, encontramos autênticas galerias de arte pré-histórica, com pinturas e gravuras que contam histórias de milhares de anos.
As motos permanecem connosco em alguns trilhos de areia e pedra, permitindo-nos viver uma jornada intensa, onde a condução e a contemplação se fundem.
Regresso a Djanet ao final do dia, com a sensação de termos viajado no tempo e tocado a alma mais pura do deserto.

Depois de vários dias intensos de condução, este é o momento ideal para abrandar o ritmo e desfrutar de Djanet com calma.
Aproveitamos para revisar as motos, descansar e absorver toda a energia única deste oásis perdido no coração do Saara.
Quem quiser, pode explorar os mercados locais, conviver com os tuaregues ou simplesmente contemplar o silêncio absoluto do deserto.
Um dia de pausa merecido, antes de retomarmos a rota rumo ao sul e às pistas lendárias que nos esperam.

Iniciamos uma das etapas mais emblemáticas desta expedição, cruzando o deserto profundo em direção a Tamanrasset — o lendário refúgio tuaregue, no coração do Saara.
A jornada é longa e desafiante, alternando troços de asfalto com secções off road que exigem concentração e técnica.
À medida que avançamos, as dunas cedem lugar a montanhas de basalto e formações vulcânicas que anunciam a aproximação ao maciço do Hoggar.
Chegar a Tamanrasset é um marco — estamos no ponto mais a sul da nossa viagem, bem próximo da fronteira com o Mali, num dos locais mais icónicos da história das grandes expedições africanas.

Deixamos Tamanrasset para trás e iniciamos a longa travessia rumo ao norte, atravessando o maciço do Hoggar e as vastas planícies pedregosas do deserto central.
É uma etapa exigente e hipnotizante, onde o horizonte parece não ter fim e o asfalto corta o silêncio absoluto do Saara.
O traçado mistura zonas de montanha com longas retas de paisagens áridas, pontuadas por acampamentos nómadas e pequenos oásis perdidos.
Chegada a In Salah ao final do dia — uma verdadeira ilha de vida no meio do deserto, famosa pelas suas dunas douradas que parecem engolir a cidade.

Partimos de In Salah em direção a Timimoun, uma das cidades-oásis mais bonitas e fotogénicas da Argélia.
A estrada conduz-nos por paisagens de deserto profundo, alternando longas retas com zonas de areia e rocha vermelha, típicas do Grande Erg Ocidental.
Timimoun surge como um miragem, com as suas construções em adobe, palmeirais e dunas alaranjadas que parecem pintadas à mão.
Ao final do dia, desfrutamos da tranquilidade deste oásis lendário, onde o tempo flui devagar e cada pôr do sol é um espetáculo de luz e cor.

Deixamos Timimoun e seguimos em direção a Ghardaïa, atravessando o coração do deserto argelino.
A etapa é longa, mas repleta de contrastes — dunas imponentes, planícies áridas e aldeias isoladas que revelam a vida simples e resiliente das populações do Saara.
Ao aproximarmo-nos de Ghardaïa, o cenário muda novamente: entramos no vale do M’zab, uma região Património Mundial da UNESCO, onde a arquitetura tradicional berbere e o modo de vida comunitário permanecem intactos há séculos.
Chegada a Ghardaïa ao final do dia — uma das cidades mais fascinantes da Argélia, onde o deserto encontra a civilização.

Deixamos o vale do M’zab e seguimos rumo a norte, atravessando vastas extensões semiáridas que anunciam o regresso gradual às zonas montanhosas do norte argelino.
O percurso é tranquilo e panorâmico, com estradas sinuosas que serpenteiam entre planaltos e vales desérticos pontuados por pequenas aldeias.
À medida que avançamos, o clima torna-se mais ameno e a paisagem ganha cor e relevo.
Chegada a El Bayadh, uma cidade rodeada por montanhas e planícies onduladas, onde terminamos o dia em ambiente de partilha e convívio, sentindo que o Saara começa lentamente a ficar para trás.

A etapa de hoje leva-nos das vastas planícies do interior às montanhas verdes do noroeste argelino.
Seguimos rumo a Tlemcen, uma cidade de grande importância histórica e cultural, muitas vezes apelidada de “Pérola do Magrebe”.
As estradas ganham curvas e altitude, oferecendo uma condução prazerosa e paisagens que alternam entre vales férteis e serras cobertas de cedros.
Ao chegar a Tlemcen, encontramos uma cidade vibrante e elegante, com mesquitas centenárias, mercados animados e uma hospitalidade que reflete a alma do Magrebe.

Último dia em solo argelino. Após o pequeno-almoço, seguimos pelas estradas do norte rumo a Ghazaouet, o porto que marca o final da nossa travessia por este país extraordinário.
A paisagem torna-se mais verde e atlântica, contrastando com os tons dourados do deserto que deixámos para trás.
Chegada a Ghazaouet e início das formalidades de embarque para o regresso a Espanha.
Enquanto o ferry parte rumo a Valência, é impossível não recordar a imensidão do Saara, as montanhas do norte e a sensação única de ter cruzado a Argélia de moto, numa autêntica aventura “On the Road & Dust to… Argel”.